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  • Foto do escritorGestão Primavera - CAEQ 2021

Nota de Solidariedade aos 520 mil mortos por COVID-19 no Brasil

Ontem, dia 01 de Julho de 2021, atingiu-se o horrendo marco de 520 mil mortos por COVID-19 no Brasil, número esse, com certeza, subnotificado. Viemos, por meio desta nota, prestar solidariedade às famílias que sentiram o peso dessas mortes e lembrar que esses 520 mil não são apenas um número. Enxergar dessa forma fria é permitir que nos dessensibilizemos perante o genocídio cometido contra nosso povo, é aceitar como normal uma pandemia desenfreada em meio aos conhecimentos científicos que a humanidade possui atualmente. Lembremos que cada uma dessas vidas tinha nome, família e amigos, era uma pessoa com potencial de se desenvolver, tinha sonhos, frustrações, vitórias e derrotas, era uma vida de importância ímpar para seus pares.

É revoltante que, em pleno século XXI, com as conquistas da ciência e tecnologia, temos tantas vidas ceifadas impiedosamente pela incapacidade desse sistema de exploração caduco em socorrê-las. Incapacidade cabal de uma classe exploradora que para garantir a manutenção de seu lucro, colocam em cheque os interesses da humanidade e a vida dos trabalhadores.

Precisamos relembrar que as mortes decorrentes da ação do vírus não são um mero desastre natural, são fruto das próprias condições sociais em que vivemos, seja pelo sucateamento da pesquisa científica ano após ano, do serviço público de saúde e de saneamento básico, seja pelas péssimas condições de moradia, os transportes urbanos superlotados, ou seja, pela degradação intensa dos ecossistemas que permite a fuga de vírus exógenos aos humanos para nossa espécie. Fechar os olhos para isso é fechar os olhos para o real problema e a raiz dele. Nosso povo, que já sofre diariamente em duríssimas condições de vida, principalmente nos campos e nas favelas, é quem mais sofreu com a pandemia. O sistema de exploração e opressão em que vivemos não se importa com as vidas daqueles que produzem e o reproduzem, mas apenas com a extração do lucro máximo, mesmo às custas de “insignificantes” vidas. A realidade é que não estamos todos no mesmo barco, muito pelo contrário, durante a pandemia alguns estão viajando de cruzeiro, isto é, tendo acesso à meios para se proteger e fazer seu isolamento sem maiores problemas, enquanto outros estão à deriva e têm de continuar se expondo diariamente para garantir a própria sobrevivência.

Vale lembrar que não se trata apenas de um governo obscurantista e anti-ciência que promoveu aglomerações, desincentivou o uso de máscaras e boicotou a compra e produção de vacinas; mas também de todos os humanistas de ocasião, falsos democratas que advogam em nome da vida e da ciência, enquanto aumentam as medidas de repressão ao povo, impõem toque de recolher enquanto os ônibus permanecem superlotados; e também todos os governantes de outros países que acusavam o genocídio brasileiro, mas foram os primeiros a monopolizar a compra de vacinas, enquanto faltava vacina para todo o “terceiro mundo”.

Ademais, impossível não citar o deboche e tamanho desrespeito com o povo por parte do governo de Bolsonaro e generais ao ceder o Brasil como sede da Copa América. De acordo com os informativos da própria Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) e do Ministério da Saúde, já foram confirmados 198 casos de COVID-19 entre os envolvidos com o torneio, sendo 71,2% desses casos operários e funcionários terceirizados. Países como Colômbia e Argentina se recusaram a sediar o evento, por conta dos massivos protestos populares que estão tomando o país e do crescente número de casos e mortes devido ao SARS-CoV-2, números estes muito inferiores aos que enfrentamos aqui no Brasil.

Frente a tamanhas atrocidades que se acumulam uma sobre as outras, é difícil, mas não podemos deixar a realidade nos dessensibilizar. Cada vida que se perdeu, infelizmente, se perdeu por um motivo e majoritariamente por um “preço calculado”. Não vamos deixar que a morte de nossos parentes, amigos e irmãos brasileiros vire mera estatística, e pior, que continue crescendo. Solidariedade a todos que perderam entes queridos nesta tragédia e força à todos nós para que possamos continuar lutando e desmascarando essas fúteis narrativas genocidas de uma classe dominante que não pensa em nosso povo.

Gestão Primavera.

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