Viva o dia do povo preto!
No Brasil é comemorado, no dia 20 de novembro, o “Dia da Consciência Negra”, data do assassinato do Zumbi dos Palmares. No dia 20 deve ser lembrado a história de luta do povo preto que, mesmo diariamente sendo massacrado pelo sistema de exploração capitalista, não para de lutar, tendo em mente que há muita luta a se fazer para sua emancipação.
O Brasil foi a região que mais recebeu africanos escravizados no período de 1501 a 1900, cerca de 4,86 milhões de pessoas[1], sendo assim um país que cometeu genocidio em sua essência, tanto do povo preto quanto dos povos indígenas, e que continua até os dias de hoje. No dia 06 de maio de 2021, uma operação da Polícia Civil ceifou sem medir esforços 28 pessoas na favela do Jacarezinho (RJ). No campo, o camponês é diariamente perseguido. O Acampamento Tiago dos Santos, composto por famílias que lutam por uma área pública em que nela trabalham, teve operação das Forças Armadas que cercaram o acampamento com o objetivo de massacrar o povo que nele vivem, destruindo barracos, roças e criações familiares.
Atualmente, 75% da população pobre (das periferias e do campo) são pessoas pretas[2], uma das consequências do período pós escravidão, onde a população negra escravizada recebeu sua “liberdade”, porém foram excluídos sem nenhuma política pública pra inserir essas pessoas na sociedade.
A história do povo preto segue em resistência. Com sangue derramado, construíram seus quilombos, tendo como exemplo o vitorioso Quilombo dos Palmares, que seguiu por anos resistindo aos ataques. Surge com destaque o quilombola Zumbi, que foi parte da liderança política do quilombo e por anos se colocou junto ao povo para derrotar as tropas reacionárias do Estado. Têm-se também como luta a Revolta dos Malês, em que os negros malês desencadearam bravamente insurreições de lutas na província da Bahia. Estas e outras lutas e rebeliões contribuíram para a abolição, ao contrário do que se diz pelos monopólios de imprensa e pelo Estado.
A abolição, em um processo de conciliação com as classes dominantes, manteve as velhas relações de produção e com as velhas classes. Por este motivo, mesmo após a abolição, o Brasil tem árduas lutas a travar para a emancipação do povo preto. É importante a presença de Marighella, um homem preto nascido em Salvador - Bahia. Em 1932, Marighella foi preso pela primeira vez por causa de um poema que escreveu direcionando críticas ao interventor da Bahia, Juraci Magalhães. Em 1964, enquanto estava sendo reprimido por forças policiais, puxa bravamente palavras de ordem como “Abaixo a ditadura militar fascista”. Seguiu durante sua história resistindo à violência perpetuada pelo Estado.
As lutas populares tiveram suas contribuições no processo de abolição, traçando um caminho para a emancipação do povo. Por conta disso, é extremamente importante que as universidades estejam realmente servindo ao povo, estando em contato com as populações periféricas das favelas e do campo. A exemplo de mobilizações estudantis das universidades, têm-se os Comitês Estudantis de Solidariedade Popular (CESP) e Comitês de Defesa Sanitária, que de norte ao sul do país, vem se mostrando exemplo do papel das universidades para com a população.
É imprescindível que, nesse dia 20, lembremos: apenas impulsionando as lutas populares e classistas que de fato se dará a emancipação do povo preto.
Centro Acadêmico dos Estudos de Química (CAEQ) - UNICAMP
Gestão Tempestade 2021/2022
Assinam esta nota:
Associação Atlética Acadêmica da Química (AAAQui) - UNICAMP
União Preta do IQ - UNICAMP
Referências
[1] Banco de Dados do Comércio Transatlântico de Escravos <https://www.slavevoyages.org/>
[2] “Negros são 75% entre os mais pobres…” - https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/11/13/percentual-de-negros-entre-10-mais-pobre-e-triplo-do-que-entre-mais-ricos.htm?cmpid=copiaecola - 13/11/2019
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