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Foto do escritorGestão Tempestade - CAEQ 2021/2022

[RETORNO PRESENCIAL] Posicionamento do CAEQ acerca do retorno presencial e esclarecimentos

Debatendo acerca do retorno das atividades presenciais, o CAEQ (Centro Acadêmico dos Estudos de Química) convocou uma Assembleia Geral dos Estudantes da Química, que ocorreu no dia 17 de fevereiro de 2022, na qual buscava-se discutir com a comunidade acerca das expectativas, dúvidas e opiniões sobre o tema. Pela ausência de quórum, a Assembleia tornou-se uma plenária e seguiu-se a discussão. O CAEQ decidiu escrever a presente nota para informar a comunidade a respeito das informações já conhecidas sobre o retorno e divulgar seu posicionamento.

Parte da comunidade universitária já retornou para suas atividades há meses. Sejam elas de Pós-Graduação, Iniciação Científica ou até mesmo de curso das disciplinas de “reposição” de aulas práticas. No entanto, o retorno às atividades presenciais em meio de uma pandemia não vem senão com diversas dúvidas e adaptações. Distanciamento em sala, barreiras de acrílico, salas gêmeas, dentre tantas outras medidas foram adotadas, como sempre, com pouquíssima consulta aos estudantes. Essa falta de diálogo gera um clima de insegurança e incerteza em toda a nossa comunidade universitária, inevitavelmente levando a questionamentos se o retorno é seguro e/ou necessário da forma como está sendo proposto.


Acerca dos riscos sanitários provenientes do momento em que ainda nos encontramos da pandemia, sabe-se que os próprios dados epidemiológicos da reitoria demonstram uma condição que permite o retorno sem aumento significativo do número de casos. A obrigatoriedade do uso de máscara e vacinação para frequentar o campus, o suporte da área de saúde, as testagens em massa gratuitas, as vacinações no campus e o reforço de normas sanitárias seguem todos os padrões de saúde que são comprovados cientificamente eficazes para a convivência. Estes têm se mostrado efetivos diante de todas as atividades presenciais realizadas nos últimos meses que, seguindo as medidas impostas, não surtiram um aumento significativo nos casos de COVID-19 na comunidade universitária. É necessário retornar e ocupar o espaço da universidade. É necessário retomar nossa mobilização.


Avaliamos que esta retomada controlada já vem se mostrando benéfica, em que os discentes, principalmente ingressantes do ERE (Ensino Remoto Emergencial), relatam se sentir acometidos por uma sensação de pertencimento ao conhecerem seus colegas, vivenciarem o campus, terem aulas práticas de verdade. Sensação da qual foram privados durante os últimos anos, já que é impossível desta ser gerada da mesma forma remota.


Desta forma, a ocupação presencial dos espaços da universidade é de vital importância para que haja luta dentro da comunidade universitária por melhorias e direitos. Somente assim podemos cogitar que exista uma mobilização capaz de protagonizar a luta contra todos os ataques que nossos estudantes, cursos, universidades e a pesquisa nacional vem sofrendo nos últimos tempos, especialmente durante os tempos de pandemia, devido aos cortes de verbas e à imposição da EaD.


Cita-se o evidente sucateamento do ensino devido à implementação da EaD, em que é facilmente observável a inconsistência das avaliações, o aprendizado prejudicado pela interação limitada entre professor e aluno, todas as adversidades enfrentadas por alunos com menos condições para acompanhar as aulas e também, assim como o corte de verbas para a ciência e o ataque à autonomia universitária, a EaD é um plano idealizado para precarizar o ensino público superior ao nível das particulares, tornando cada vez mais fácil sua privatização. O fracasso deste modelo de ensino se mostra ainda mais quando analisamos o crescente número de alunos que evadiram o curso durante a vigência da EaD, seja com trancamentos ou desistência de matrícula, principalmente entre ingressantes. O CAEQ entrou em muito mais detalhes acerca desta problemática em nosso Manifesto: A Tragédia Anunciada do EaD, que pode ser lido na íntegra em: Manifesto


Existe também uma problemática bem mais agravada em nosso curso: aulas práticas sendo ministradas de maneira remota gerando uma clara defasagem na formação de habilidades essenciais para o desenvolvimento de um profissional da química. Se deixarmos que a instauração da EaD continue, como com a implementação de robôs e a permanência do ensino híbrido em nossas grades, estaremos permitindo um futuro no qual nossa formação será altamente tecnicista, trazendo prejuízos enormes para os futuros profissionais que aqui serão formados.

Há também o descaso com os bolsistas, de forma que, mesmo com os reajustes fornecidos nas bolsas, ainda têm que viver com valores risíveis para os padrões de Barão Geraldo. Atenta-se especialmente para o descaso da universidade com inúmeros problemas na moradia estudantil, como problemas com o fornecimento de água e energia, a presença de água contaminada por larvas, caixas d'água sem manutenção e feitas de materiais hoje banidos, problemas de segurança com constantes invasões e assaltos e problemas estruturais como rachaduras e infiltrações em algumas das casas. Estas problemáticas vêm sendo anunciadas pelos estudantes que lá residem há anos, que lutam pela ampliação e reforma da moradia para garantir a permanência dos estudantes que lá vivem, mas é necessário a força da mobilização de todos os estudantes para que a moradia tenha suas demandas ouvidas.


Ademais, relembramos os sucessivos cortes de verba feitos nos orçamentos universitários e órgãos de fomento à pesquisa, realizados durante estes anos de pandemia pelos governos estaduais e federais. Cortes estes que impactam diretamente no futuro de nossas profissões, escolhas profissionais, universidade e da ciência brasileira.


Basta!


Estes problemas não têm sido respondidos como deveriam por causa da falta de mobilização e do entrave de nossa presença na universidade para cobrar que medidas sejam tomadas. Nossa presença torna a luta uma atitude coletiva, muito mais efetiva do que somos capazes de realizar a distância.


Historicamente, o Movimento Estudantil sempre se mostrou a vanguarda na luta em defesa da universidade, devemos buscar retomar essa tradição. A mobilização estudantil é indispensável para que a universidade se transforme, cada vez mais, em um espaço de debate científico verdadeiramente democrático e autônomo.


As informações à seguir foram adquiridas via RDs (Representantes Discentes), publicações oficiais da universidade e/ou informes de outras entidades do ME (Movimento Estudantil) sobre as medidas tomadas pela universidade e nosso instituto para o retorno presencial:

  • Dentro da Universidade será obrigatório o uso de máscaras, sendo estas cirúrgicas ou do modelo PFF2, a todo momento, exceto para alimentar-se.

  • Foi dado um indicativo ao DCE (Diretório Central dos Estudantes) que possivelmente serão fornecidas 2 máscaras cirúrgicas por dia, ou 1 máscara PFF2 por semana aos estudantes.

  • Fica instituído o distanciamento social de 1 metro entre pessoas, a obrigatoriedade da higienização frequente das mãos com álcool em gel e a proibição de aglomerações (4 ou mais pessoas) sendo passível o acionamento da SVC (Secretaria de Vivência nos Campi) e registro de ocorrência caso observe-se descumprimento das normas. Mais informações: GR-074/2021 e GR-004/2022

  • A sede do CAEQ se encontrará aberta das 8h às 23h de segunda a sexta, sendo permitido permanência de no máximo 6 pessoas simultaneamente em seu interior. O microondas e a geladeira estarão disponíveis aos estudantes para livre utilização, bem como as estantes para que sejam deixadas mochilas. Ainda realizaremos empréstimo de jalecos e óculos de proteção e a venda de todos os itens de nossa vendinha.

  • Acerca da alimentação, o RU (Restaurante Universitário) e o RS (Restaurante Saturnino) oferecerão 3 refeições diárias com barreiras de acrílico instaladas nas mesas. O RA (Restaurante Administrativo) está sob reforma e logo será reaberto. Além disso, serão feitas licitações para aberturas de mais cantinas e a instalação de máquinas de vendas espalhadas pela universidade. Também está sendo discutido o retorno da “Feirinha do CB” juntamente com as aulas.

  • Para frequentar quaisquer campi da UNICAMP os alunos devem comprovar esquema vacinal completo (alunos regulares) ou pelo menos a primeira dose (alunos ingressantes) via sistema E-DAC. Os alunos que não puderem se vacinar devem encaminhar atestado médico de sua condição para o CECOM e serão orientados a como prosseguir. Mais informações em: Obrigatoriedade de Vacinação

  • As salas de aula e laboratórios do Instituto de Química tiveram suas lotações reduzidas, sendo deixadas em sala de aula somente as carteiras que possibilitaram 1,5m de distanciamento uma das outras. As salas com menor lotação foram alocadas para as aulas da pós-graduação, já que estas turmas contam com menos alunos.

  • Por causa da redução no número de alunos em laboratório e o acúmulo de turmas que não realizaram as disciplinas experimentais de forma remota, acabou observando-se a lotação de turmas e falta de vagas em algumas disciplinas. Em especial para a turma deste primeiro semestre de QG564 - Química Orgânica e Inorgânica Experimental, propôs-se um sistema inédito de rodízio entre experimentos realizados em laboratório e em sala de aula. Esse método foi proposto em virtude da questão desta disciplina de laboratório ser anual e pré-requisito para outros laboratórios anuais, fazendo com que o atraso desta para as estudantes signifique, quase automaticamente, mais um ano de permanência na graduação. Mais informações foram enviadas aos alunos em seus e-mails institucionais. Para as demais disciplinas, o coordenador informou que não será possível a abertura de mais vagas do que as que já constam e aconselhou aos alunos que infelizmente não conseguiram vagas, programem-se para cursar estas disciplinas em outros semestres.

  • O Instituto de Química conseguiu, mesmo com suas salas em lotação reduzida, acomodar todas as turmas necessárias para este semestre. Desta forma não adotará para nenhuma das disciplinas oferecidas pelo instituto o método das “salas gêmeas”. Esse método contaria com duas salas de aula, uma com o professor e um robô que gravaria o docente, e outra na qual o vídeo ao vivo da sala gêmea seria transmitido. Mais informações também já foram enviadas aos estudantes via email institucional.

  • Devido a uma dificuldade em conseguir palestrantes presencialmente para a disciplina de QG005 - Química e Mercado de Trabalho, foi decidido pela CG (Comissão de Graduação) que esta será a única disciplina ainda com oferecimento remoto. Uma sala presencialmente será aberta onde será feita a transmissão da palestra ao vivo pelo projetor, ao mesmo tempo será disponibilizado um link para acompanhamento virtual dos alunos que desejarem fazê-lo. A frequência será aferida via formulário online disponibilizado após as palestras semanais para todos os alunos.

  • Aos alunos será permitido comparecer ao CECOM (Centro de Saúde da Comunidade), caso apresentem sintomas da COVID-19, para realização de teste de RT-PCR. Desta forma poderão atestar faltas às atividades presenciais caso necessário. No caso de provas, ou atividades avaliativas, será obrigatório o oferecimento de atividades substitutivas aos alunos com atestados médicos. Mais informações podem ser encontradas em: Protocolos Rápidos

  • Está tramitando nos órgãos superiores da universidade um pedido da Comissão de Graduação do IFGW (Instituto de Física Gleb Wataghin) que sugere que neste semestre seja adotada a mesma medida dos semestres de Ensino Remoto Emergencial para que os estudantes tenham frequência completa assegurada durante todo o período letivo. O pedido foi aprovado em decisão acirrada na CCG (Comissão Central de Graduação) e agora deve passar por votação na CEPE (Câmara de Ensino, Pesquisa e Extensão). Mais informações serão divulgadas quando possível.


Diante do exposto acima, a Gestão Tempestade (2021-2022) do CAEQ, se posiciona em defesa do retorno presencial entendendo-o como uma necessidade para a defesa da universidade pública contra os projetos de privatização e precarização do ensino. A situação epidemiológica permite este retorno e o mesmo é essencial para manter funcionando as universidades no momento em que a população mais precisa dela e da ciência ali produzida. Se os bares, festas e shows estão acontecendo normalmente, porque a educação, serviço tão essencial, continua sendo deixada de lado? . Nos colocamos à disposição de todo o corpo discente de nosso instituto para esclarecimentos, levar demandas às instâncias superiores e ajudar a lidar com quaisquer adversidades que este retorno possa trazer. Esperamos voltar o quanto antes a ocupar nossos espaços para continuar lutando pela universidade pública, gratuita e democrática na qual acreditamos.



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