Compartilhamos a seguir o vídeo do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), que denuncia a instalação do aplicativo Kidlogger nos computadores emprestados aos estudantes pela Reitoria (https://bit.ly/2TuVHyZ). O aplicativo em questão é utilizado para monitoração da atividade de um usuário em um computador. De acordo o próprio site do aplicativo, suas funcionalidades incluem o monitoramento de: histórico da Internet e pesquisas web recentes, horas de trabalho e períodos de atividade, aplicações e respectiva duração, ficheiros e pastas, conversações - mensagens, gravações de voz, texto digitado e mapas.
O monitoramento por si só, sem autorização dos estudantes, já é um gravíssimo crime. Entretanto, historicamente Reitorias utilizam do monitoramento de estudantes, de diversas formas diferentes, para sondar e registrar aqueles que se mobilizam e organizam em Centros Acadêmicos e DCEs em luta do movimento estudantil. Não é atoa que, em 2019, o general Augusto Heleno, ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), nomeou uma espiã da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) com assessora da reitoria da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) (https://bit.ly/2HxdLpn). No mesmo ano, um funcionário da Abin estava trabalhando como porteiro da Universidade de Brasília (UnB) (https://bit.ly/2Ht7kUN). Aparentemente a espionagem é uma prática que não saiu do rol daquelas existentes na época do regime militar-fascista de 1964.
Em contexto de Ensino Remoto Emergencial (ERE), este monitoramento é ainda mais facilitado, visto que podemos estar a todo momento sobre vigilância nas atividades digitais. Na Unicamp, por exemplo, o incentivo ao uso de tecnologias de conglomerados de informação como o Google Meets e o Google Classroom aumentou exponencialmente, em detrimento de iniciativas de código aberto como Moodle e o já abandonado Teleduc. Além do fornecimento de diversos dados de estudantes para manter estas ferramentas funcionando, o incentivo a parcerias com a iniciativa privada por parte da universidade pública é de se atentar. O mesmo ocorre com as parcerias com conglomerados de tecnologia e informática e de telefonias, com o oferecimento de computadores, tablets e chips para o acompanhamento do ERE.
O CAEQ denuncia e repudia a atitude da Reitoria da UFSB de espionagem da atividade digital de seus alunos, assim como qualquer tentativa que fira a autonomia da universidade e de seus estudantes, como a nomeação de espiões e reitores realizadas pelo Governo Federal!
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